Back

Garcia Sara


911544315

Amor em Analogia

 

Não me consigo recordar quando me tornei tão apaixonada pela escrita e pela leitura. Recordo-me, somente, de na minha infância, ver a minha mãe ler os seus romances antes de adormecer, e acredito que este meu fascínio seja um tanto hereditário. Está na minha sina o romantismo, sempre sonhei amar e desvendar o mistério deste cobiçado sentimento.

Sempre fui uma menina racional, cheia de analogias bem fundamentadas e aprendi a ver o amor como uma também. Vejo e relaciono os sentimentos a experiências e o amor não é exceção, comparo os meus amores às estações do ano.

O verão é a minha estação do ano favorita. No verão tudo melhora, não tenho preocupações nem responsabilidades. Sinto-me mais bonita, mais confiante, mais alegre, mais eu própria. Creio não ser a única que durante o verão já anseia pelo próximo. Deposito todas as minhas expectativas no verão, sei que as alcançará sempre. O mesmo acontece com o meu verão.

 O meu Verão chama-se Inês. A Inês é a minha melhor amiga e tem um efeito em mim semelhante ao do verão. Tal como ele se destaca, ela também. A Inês dá vida à minha essência, revela o meu melhor lado. Conheço-a desde que tenho capacidade para lhe pronunciar o nome. É a minha pessoa favorita, e, por consequência, um dos meus grandes amores. 

Após o verão segue-se o outono. O outono, até me aventurar no verão, foi a estação que sempre me reconfortou. É imensamente mais regrado, mas transmite uma paz igualmente imensa, acalma-me. Relaciono o outono ao meu primeiro amor, aquele que levarei para sempre no coração mesmo quando não o conseguir levar na vida, a minha mãe.

A minha mãe foi o meu primeiro amor, e será para sempre o maior. É quem abraço, é a quem recorro e a quem choro. Ela está sempre lá, para me ouvir e corrigir quando necessário. A minha definição de amor foi adquirida através dela porque me contagia com o amor que só ela sabe dar, como eu tanto quero saber amar.

O inverno, por norma, é rígido. Os dias curtos e frios regressam. A escola torna-se mais difícil, as notas geralmente descem. Mas confesso que não tenho uma opinião negativa sobre o inverno, e que me sinto amplamente confortada nesta estação. Também encontro esse mesmo conforto no meu inverno. O meu inverno são os meus irmãos.

Tenho memórias incríveis de momentos tão ternos e simples ao lado dos meus irmãos. Não imagino que pessoa seria se não os tivesse comigo, se não tivéssemos crescido juntos. Temos vindo a criar uma relação cada vez mais firme e singular, e são eles o grande pilar onde encontro apoio quando dele preciso.

Até há pouco tempo, não me sentia suficientemente familiarizada com a primavera para escrever sobre ela ou para a relacionar com algo ou alguém. Ainda não a tinha encontrado. É um amor recente, mas igualmente forte aos restantes mencionados.

Na primavera tudo floresce, tudo se torna mais vivo e colorido. A primavera é um recomeço contínuo, é o que nos mostra que algo melhor estará sempre reservado.

A minha primavera chama-se Sara. Eu sou a Sara. Eu sou a minha primavera. Sou a única pessoa que me acompanhará eternamente, independentemente do que aconteça. Conforme fui crescendo, fui aprendendo a dar valor a essa característica que só eu tenho. Agarrei-me então a ela, analisei e valorizei cada detalhe de quem sou.

Eu sou um dos meus maiores amores. E não temo em afirmar que este meu tão grande amor-próprio se deve à experiência de ter e observar tantos e tão distintos outros amores.




Submitted: 18:11 Mon, 25 March 2024 by : Garcia Sara age : 16